"Menino Jesus"
- Katia Kristina
- 7 de out. de 2016
- 9 min de leitura
Anne Não conseguia esquecer aquele homem e nutria a esperança de vê-lo novamente, de ouvi-lo falar sobre o mar.
Anne passou a ir todos os dias ao cais esperar pelo seu misterioso amigo. Com isso Era escorraçada pela dona do bordel que perdeu seus clientes mais ricos, porque ela sempre chegava cansada e recebia-os de má vontade. Dona Lili deu a Anne a última chance:
- Me ouça bem Anne! Essa será sua última chance! Se você demorar mais uma vez na rua ou tratar mal algum cliente, voce será expulsa de casa e não adianta implorar perdão a mim, sua cabeça é o seu mestre.
Anne aceitou s disse a Dona Lili que não iria mais perder a hora! Pediu a ela que lhe permitisse aquele dia para se despedir do mar Dona Lili permitiu sobre diversas recomendações.
Anne arrumou tudo em "casa"ajudou as outras moças e quando entardeceu lá foi Anne se despedir do mar, estava triste por não ver o mar todos os dias porque seu amigo poderia aparecer quando ela não estivesse, mas precisava trabalhar. Anne ficou diante do mar e orou aso ventos.
Meu amigo mar! Seja condescendente para comigo!
Sei que podes me ouvir!
O seu filho me ensinou que voce tem espirito
Digo seu filho, porque para conhecer-te tão bem
Somente sendo alguém de seu amabilíssimo coração.
Peço ao seu amigo vento que leve a ele minhas palavras
Eu não sei o seu nome
Mas tenho certeza que sabes de quem eu falo
Não esqueça por favor amado mar
Valoroso vento
Diga a ele que o esperei por todos os dias
Depois do nosso encantado encontro
Porém, agora estou impossibilitada
Se eu continuar a vir... Nem lugar para morar terei mais.
Obrigada meus amados! Confio em vós.
Logo neste dia... quando Anne terminou a oração e levantou os olhos
Eis que com seu andar cambaleante surgiu de trás das dunas de areia o misterioso homem de branco. O coração da moça disparou, ela ficou sem ar, com uma grande dúvida que a fazia quase desfalecer de medo.
- "Será que ele vai lembrar-se de mim"?
Ele chegou! Com seu sorriso que a deixava tonta. Pegou a mão de Anne e beijou com um gesto cavalheiro, depois... Sem nada dizer puxou Anne que trêmula o acompanhou, os dois sentaram em frente ao mar e ficaram olhando em silêncio até que o sol se pôs.
Então, ele pegou-a nos braços e a beijou, Anne se sentiu desfalecer de emoção, com tamanha delicadeza. Caiu a noite, o céu ficou sem lua....
Porque envergonhada ela escondeu o rosto, por saber o que aconteceria a seguir... com aqueles dois seres encantados.
O homem com gestos lentos, precisos, com todo carinho e sensualidade, (gestos que Anne não conhecia, pois estava acostumada a “servir") Ele deitou-a na areia e fez amor com ela ali diante ao mar que os dois tanto ama. Embaixo do céu que precisando de uma testemunha obrigou a lua a olhar, Então a lua abriu os olhos e clareou testemunhando os olhares do casal iluminados de amor .
Ficaram juntos em seu idílio até que Anne adormeceu nos braços dele.
Quando o Sol chegou, encontrou a moça ainda adormecida e ficou mansinho para não despertá-la. Anne acordou com algumas pessoas que a cutucavam pensando que estivesse morta. Ela de um pulo levantou procurando seu amor que mais uma vez havia desaparecido e desta vez, ela nem o viu entrar no mar.
Anne foi para “casa” com o coração cheio de amor. Ele tinha ido, mas voltaria, mesmo que demorasse como dessa vez. Chegando em "casa" encontrou a dona Lili sentada na porta barrando a passagem da moça, Ao lado dela havia uma pequena mala com as coisas de Anne...
Somente as coisas que ela trouxe do orfanato. A Cafetina não disse nada apenas entregou a mala, de nariz empinado seu a Anne algum dinheiro que não daria para quase nada e a expulsou do bordel.
Anne pegou a mala e perambulou pela cidade até encontrar uma senhora que vendia bolinhos de aipim, Anne parou para comprar um, pois estava sem comer nada desde a tarde anterior. A Senhora ao ver a ferocidade com que a moa comeu o salgado, puxou conversa com ela. Anne contou o que lhe havia acontecido. A senhora disse que morava em uma vila, dessas “cabeça de porco” e convidou Anne a acompanhá-la.
Anne foi e alugou uma pocilga onde punha suas coisas. O dinheiro que tinha usava para comer enquanto não encontrava um emprego. E todo o dia ela ia para o cais de onde dava para ver todo o mar de Veneto esperar seu amor... Que não apareci

Anne começou a sentir náuseas ao sentir o cheiro dos bolinhos da Dona Jurema que ela amava comer. Contou seu período menstrual e comprovou que estava grávida. Disse a si mesmo muito assustada:
- Oh! meu Adorado Menino Jesus! Agora que eu não vou conseguir emprego mesmo.
Todos os dias Anne tentava arrumar um emprego, fazia alguns bicos para não atrasar o aluguel, ou ficaria na rua. e quando entardecia, lá ia Anne para frente do mar até o amanhecer do outro dia e nada. O seu corpo já mostrava grandes sinais de mudança, seu vestido estava cada dia mais curto, logo Anne não conseguiria mais que lhe dessem coisas para fazer.
Até que chegou o fim de sua gestação.
25 de Dezembro de 1986 as 18:00 H. Sendo assistida por Dona Jurema que havia ficado muito amiga da moça. Anne deu a luz a um menino!
Forte! Saudável! Três dias depois, Anne vestiu o bebê com uma camisolinha branca, a única roupinha que ela havia comprado para o seu neném. (o resto das roupinhas dele ela havia ganhado de outras mães que seus bebes não usavam mais) Embrulhou-o na manta que estava em suas coisas do orfanato e o levou com ela para o ver mar. Ficou a noite toda no cais com seu bebe voltou para casa pela manhã e todos os dias fazia a mesma coisa. Seu bebê crescia rápido e ainda não tinha nome.
Anne não sabia o nome do pai, queria que ele aparecesse para saber que tinha um filho e ajudá-la a dar nome ao bebê. Quando Anne o levava com ela a criança ficava em silêncio olhando o mar durante toda a noite, não a incomodava. Quando seu leite rarefazia por Anne passar fome, ela o abraçava apertado, e parecia que ele entendia e esperava em silêncio. Então Anne passou a dizer para todos na vizinhança que seu filho era um bebe especial, que não era um bebê comum.
Os dias passavam rápidos e seu amor não aparecia, Anne precisava dar nome a seu bebê. Pensou, pensou, achou uma maneira de escolher o nome: ligando tudo que havia acontecido com ela, tentou assim achar um nome. Também usando nesse caso que seu filho gostar do mar, aquilo era fato! Mas não encontrou nenhum nome que condissesse a isto.
Pensou em seus pais! E lembrou que a única coisa que sua mãe lhe deixou foi a correntinha com a medalhinha do menino Jesus. Então decidiu: Foi até o cais e diante do mar disse ao seu amor.
- Meu adorado amor! O nome do nosso filho será Jesus!
E assim foi feito! Anne o Batizou em uma cerimônia simples com o Padre que frequentava a vila, Dona Jurema e Matheus o neto da Dona jurema. que foram os padrinhos.
Os mais velhos se referiam a ele como o “Menino Jesus” e assim todos passaram a chama-lo.
Jesus cresceu, se fez homem, de beleza doce e sensual como o pai. Teve muitas mulheres, mas nunca se apaixonou , dizia que:. Era apaixonado pelo mar. Não conhecia suas origens, não sabia quem era seu pai.
O que ele sabia, era somente o que todos também sabiam ou tinham ouvido alguém falar: Que seu pai era de pouca conversa, que ele gostava de mar, era belo como ele, que falava do mar como um poeta, tinha um dente de ouro e uma bela tatuagem no braço, Que ele cheirava a maresia e que seu caminhar era uma dança sensual... Todos diziam que sua mãe se apaixonou perdidamente por seu pai, a ponto de loucuras, de insanidades. E que poucos o viram, porque assim como apareceu desapareceu! Ninguém sabe para onde foi ou de onde veio. Seu pai era um mistério ou, um conto de fadas... Mas não se importavam, todos amavam Anne e jesus.
O que ninguém sabia! Por que Jesus não contou é que:
- Em um dia de chuva com nuvens pesadas e escuras que pareciam o anoitecer, enquanto ele olhava o mar. Viu surgir das águas que estavam caudalosas. Um "BOTO"! Rumou para praia estava quase encalhando, mas continuou se aproximando diante do olhar apavorado e incrédulo de Jesus que tinha receio que a criatura marinha morresse, ele era grande e pesado... Jesus não conseguiria devolvê-lo ao mar se ele encalhasse.
O "BOTO" de pele azul reluzente não temia! Veio ao seu encontro de Jesus e começou a falar;
- Boa tarde Jesus! Meu nome é Tristão!
Sou um homem enfeitiçado por uma criatura a beira da morte, por isso não tenho volta. O meu legado é sempre que me apaixonar, ou ficar encantado por uma bela mulher! E como castigo para me trazer sofrimento, eu posso sair do mar em forma de homem para seduzi-la. Mas depois disso não posso mais ser humano e tê-la novamente nos braços. Eu sou o seu pai! Com sua mãe tentei não seduzi-la. ficamos olhando o mar até terminar o feitiço, que termina ao nascer a alvorada.
Mas como não a seduzi e estava encantado por ela. ficou em aberto essa minha possibilidade de ser humano novamente pela mesma mulher. Eu não vim, resisti. Mas em uma tarde de lua cheia ela fez uma oração ao vento e ao mar . Suas lágrimas e sua voz tristonha me trouxeram para ela e nos amamos. Eu voltei a ser "BOTO" quando raiou a manhã até me apaixonar novamente. O que tenho certeza que nunca mais irá acontecer eu amo Anne com todas as minhas forças meu filho.
Hoje estou aqui para lhe pedir perdão! Preciso te dar uma noticia que te fará sofrer; Ao completar 25 anos, voce também se transformará em um "BOTO" Me perdoa por carregar esse legado meu filho!
Quando terminou de falar ficou ereto e com guinadas que pareciam uma dança sobre a cauda ele entrou no mar.
Jesus não contou nada a ninguém para que sua mãe não soubesse, não quis fazê-la sofrer ates do tempo e manteve silêncio sobre isto.
Mas chegou o dia do aniversário de Jesus! 25 de Dezembro de 2011. Jesus completa 25 anos de idade.
Seus amigos foram buscá-lo na beira do mar para “mais um copo” que desta vez eles pagarão como presente.
Quando chegaram viram Jesus despir-se e entrar no mar, caminhando para as grandes águas que estavam turbulentas porque se formava uma tempestade para essa noite.. Os Amigos de Jesus foram buscar Anne que trabalhava no bar, para dissuadir o filho.
Achavam que Jesus queria se suicidar.
Anne chegou a tempo de ver seu filho sumir nas ondas. Sem pensar ela entrou no mar para tentar salvá-lo. Seu filho não era alguém que pudesse fazer tal coisa. Será que ele estava doente e não contou a ela?
Anne vai entrando no mar o mais rápido que pode nadar...
Neste momento dois "BOTOS" a empurraram de volta a praia. Anne se debatia chorava, não podia com criaturas tão grandes e fortes.
Começou a rezar para que o mar lhe devolvesse seu filho. Ela tinha fé no mar e ele a ouvia. Pediu desesperadamente que o mar ajudasse a ela...
Mas... De repente tudo clareou em sua mente!
- Dois "BOTOS"? E... Tentando me salvar... Valei-me Menino Jesus!
Anne entendeu!
Parou de se debater, esticou as mãos na direção dos cetáceos que chegaram perto novamente, rodearam encostando-se na mãos de Anne e entoando o canto triste dos "BOTOS"como uma despedida.
Anne não chorou mais ! Se tranquilizou e ficou olhando os dois se
afastarem... Antes que eles mergulhassem pela ultima vez Anne gritou:
- Meu amor! Me diz o seu nome! Queria tanto saber seu nome.
... Eles mergulham juntos mar a dentro.
Anne volta para sua espelunca sozinha. Sem saber direito se o que sente é dor ou alegria por eles estarem junto finalmente.
Esta noite ela passou em claro de joelhos orando por eles. Era assim que faziam no orfanato quando desejavam alguma coisa. Pela manhã bem cedo antes do Sol nascer Anne se levantou, estava com os joelhos doendo, quase não conseguia ficar de pé, mas foi ao mar. Caminhou na praia descalço até que se deparou diante de um grande coração desenhado na areia: Dentro está escrito:
"TRISTÃO"
Anne sorriu feliz! Voltou para casa, esta noite ela conseguiu adormecer.
Sonhou que entrou no mar muito profundamente onde as águas são geladas.Encontrou seus amores e que os três nadaram juntos.
Pela manhã quando a vila despertou estava muito silêncio na casa de Anne. Tudo fechado! E não era hora dela ir para o bar. Dona Jurema foi até lá ver se Anne precisava de algo, afinal havia perdido o filho e estava sozinha. Chamou, bateu, nenhuma resposta, percebeu que a porta estava encostada entrou.
Anne estava morta!
Tinha o rosto sereno como nunca haviam visto. Os médicos constataram morte natural, Porque não encontraram nenhuma anormalidade. Anne estava mesmo muito serena como se estivesse dormindo e sonhando.
Estou contando esta história em meus dias humanos. Sempre que uma mulher me chama atenção me fazendo deixar de ser um "BOTO" e me transformando em homem. Eu dedico um pouco desse tempo para escrever
A MINHA HISTÓRIA!
Obrigado pela atenção até a próxima paixão ou encantamento....
Ass: "Menino Jesus"
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Phury modelo David Boals