Não Acendam a Luz
- Katia Kristina
- 18 de set. de 2016
- 10 min de leitura
Prólogo
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Sou Morghana, repórter do D.O.V (Diário Oficial de Veneza).
Nasci em Roma. Venho de uma família de advogados de renome, mas como em toda família existe um“black sheep”, este sou eu! Meus pais fizeram de tudo para que eu seguisse a carreira de advocacia, mas como um de meus piores defeitos são a teimosia e a arrogância “dentre outros” Finquei pé e ingressei na faculdade de jornalismo o que foi o maior rebuliço na minha família causando minha saída de casa aos 19 anos. Hoje estou com 26, sou formada em jornalismo e adoro a batalha em campo*, mas sempre acham que mulher tem que ficar atrás das mesas. É nessa hora que aflora minha teimosia, sempre arrumando um jeito de descobrir furos de reportagens. Fiz isso inúmeras vezes, e o mérito sempre foi dos companheiros Masculinos*. Não sou feminista. Nem tampouco exijo direitos iguais. Quero o “meu direito”. A minha rubrica no rodapé da matéria. E não (Matéria editada, dirigida e atuada por: de Fulano, Beltrano com ajuda de Morghana).

Capítulo 1
OS POSSUÍDOS
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Eu estou sempre Investigando, fuçando nas bibliotecas e numa dessas investigações descobri que existe uma espécie de espírito do mau que assola uma cidadezinha nas redondezas de Gênova. E que a vários anos vem dizimando a cidade sem que alguém possa destruir os tais espíritos. Eu soube por fontes fies que apenas uma pessoa está tentando acabar com esse massacre. O Padre Carmello di Vitrinni. Porém, quando ele acaba com os espíritos ele também acaba com o corpo que está possuído por ele. Não conseguindo assim provar a possessão. Resolveram então colocá-lo atrás das grandes dizendo que ele é um louco, um homicida esquizofrênico. Então o Padre em sua defesa própria pediu ao exercito, que lhe dessem um voto e confiança com uma equipe treinada, para acompanhá-lo na captura de uma pessoa possuída, já que isso é impossível a um só homem. Ou mesmo á dois ou três... E que se mesmo assim ele não conseguisse provar o exorcismo, então sim se entregaria para ser detido. O exercito aceitou e providenciou uma equipe com os quatro mais corajosos e treinados soldados de artilharia.
O soldado Águia
O Capitão Falcão
O Soldado Raposa
E o comandante Lobo
Quando eu soube que a equipe estava pronta, me apresentei à expedição. Com minha lábia de Repórter Jornalístico, Disse ao Padre que precisariam de alguém para filmar tudo e assim poder provar sua inocência. Consegui fazer o Padre ter a visão de que sendo filmado, ele poderia provar qualquer coisa em um tribunal e que mesmo se não conseguisse prender o possuído estaria tudo registrado em minha câmera. E como modéstia a parte – Sou bem bonitinha! A equipe adorou me levar com eles na expedição. Desta vez o local da possessão ficava em uma pousada na cidade dita anteriormente só que um pouco mais afastado do centro. O Padre reuniu os homens com artilharia que me espantou. Haviam pistolas calibre 38, a universal AK-47, maçarico, muita munição, os especiais “Night Owl Goggles” que foram desenvolvidos durante a Guerra Fria pelos soviéticos. (São óculos que permitem enxergar no escuro, amplificando a luz do ambiente em até 35 000 vezes). Se isso ainda não for suficiente, eles geram uma iluminação artificial com raios infravermelhos, Uma armadilha que era invenção do Padre com faixas de couro cru. E seus
Eu providenciei minha mochila com vários filmes, minha (Câmera35 mm reflex.) para macro fotografia, minha adorada (HD HERO2- profissional) A Melhor Câmera de Ação! À Prova d'Água, FILMADORA ULTRA COMPACTA COM GRAVAÇÃO EM FULL HD, leve pequena e eficiente. Colocamos tudo no furgão e rumamos para o lugarejo. Chegamos ao anoitecer. O dono nos esperava na porta andando de um lado para o outro visivelmente apavorado, nos entregou as chaves e disse que haviam seis ocupantes nos aposentos superiores e foi embora ligeiro. Entramos pelo belo jardim que ia até a porta da pousada, uma construção antiga, mas bem conservada, com janelas vermelhas que faziam contraste com as paredes bege, algumas heras sem fotossíntese subindo pelas paredes até a janela do sótão que abrem no telhado. Uma bela construção!. O Sol se pôs! A noite caiu muito escura, pois era mês de julho e a lua quase não aparece. Quando nós abrimos a porta... Ouvimos um grito pavoroso que nos fez arrepiar e gelar o sangue. O Padre alertou-nos.
- Preparem-se! Mas só atirem se eu mandar!
Coloquei a câmera a postos com o 9 baixo. O Padre pediu que não acendêssemos as luzes e nos mantivéssemos em silêncio. O grito veio do andar de cima, subimos bem de devagarinho, só se ouvia nossa respiração acelerada, os soldados com seu termal goggles iam logo atrás do Padre. E eu bem mais atrás não tinha luminosidade na casa fora minha 9. Ao chegar no último degrau o Padre estendeu a mão em nossa direção e colocou o dedo em riste nos lábios, em seguida nos dispôs na sala com gestos. Ouvimos soluços de criança... O Padre faz sinal para segui-lo e mais uma vez avisa:
- Só atirem com minha ordem.
Havia um corredor longo e lá no final com a mão na parede de costas para nós uma menininha chorava. Um dos soldados fez menção de ampará-la, o Padre não deixou disse que era uma ‘isca’ e que por perto haveria um possuído. O grupo dividiu-se e fomos para perto da menininha, o Padre na frente, os soldados águia e raposa foram logo atrás do Padre resguardando os flancos e a retaguarda, eu me infiltrei no meio deles e rodava a câmera com o 9 fraquinho só para saber onde filmar. O Padre pegou em seu bolso um crucifixo de prata que reluzia com a luz do meu 9 e um frasquinho com água, se aproximou da menina bem calmamente com o crucifixo como se ele fosse uma arma e começou a inquisir a menina:
- Quem és tu? - O que você quer neste corpo? - Você não pode impor sua presença neste corpo! - Deus já lhe deu uma alma! - Um espírito que não é você. - Então saia em nome de Deus! Ouvimos então uma voz feminina debochada: - Deus? - O que ele faz por você? - Eu posso lhe dar o que você quer, é só vir aqui perto de mim. - Eu sei seu segredo! - Este corpo de criança te deixa com desejos carnais não é Padre? - Você quer descobrir a intimidade dessa pequena criança não quer? Viramo-nos para o Padre que continuava sem pestanejar. Integro em sua fé! E comandou destemido ordenando!: - Cale-se maligno! - Não blasfeme! - Você não pode destruir minha integridade. - Afaste-se desta criança de Deus! ??? Nos olhamos em silêncio incrédulos. Eu pensei: - "E não é que esse Padre é maluco mesmo! Falando com uma"...
Antes que eu terminasse a criança virou a cabeça toda para tras numa rotação rápida quebrando os ossos do pescoço e olhou na direção da luz de minha câmera...
- AHHHHHHHHH...
Gritei largando a câmera com o susto, e o Águia disparou a arma na cabeça da criança que caiu fulminada. Chegamos perto. Seu rosto estava desfigurado, os olhos saltavam da órbita, a pele do rosto soltava os pedaços, a boca era branca como se não houvesse nenhum sangue em seu corpo, o furo que levou na testa com o tiro do Águia não escorreu um gota de sangue! Era um cadáver em decomposição, mas como estava em pé e olhou para nós? O Padre empurrou o soldado Águia aborrecido reclamando: - Eu disse que só atirassem se eu mandasse! Agora o perdemos.
O soldado Águia se desculpou - Eu me assustei senhor era um monstro. O Padre em silêncio revista o corpo no chão e diz: - Esse não tem mais nada. Neste momento ouvimos gritos, insultos, uma discussão. O Padre levantou e no mesmo instante o rádio chamou: Eram Raposa e Falcão sussurrando: Falcão falou baixinho - Estou vendo Senhor. Um casal de adolescentes brigando. Me parece que o garoto quer amarrar a menina - Falcão não se aproxime deles! Vigie mais fique longe até eu chegar. - Copiado Senhor! Quando Falcão vai desligar o rádio, Raposa diz com receio: - Senhor, Eles estão olhando em nossa direção. - Fiquem onde estão! Estamos indo o mais rápido possivel.. Nisso eu que não queria perder nada corri para junto de Raposa e Falcão. Não podia perder nenhuma cena do que aconteceria ali para ajudar ao Padre e ao meu furo de reportagem. Quando estava chegando ao local, não avistei Raposa e Falcão, então peguei um caminho diferente ficando bem próximo do casal. Ele dizia
- Fica comigo Rose! Reaja querida! Vamos conseguir ajuda.
A mocinha pegou o rapaz pelo pescoço e foi chegando junto ao seu rosto ele se esquivava e continuava pedindo:
- Reaja querida! Sei que você não quer isso! Rose!
Falcão no ímpeto de salvar o rapaz sai do esconderijo e grita:
- Parada moça! Não me faça atirar! Levante a mão e permaneça imóvel. Nós iremos ajudá-los.
Ela se vira lentamente. E olha com as feições de uma pessoa louca. Falcão continua:
Parada ou atiro! Nós vamos até ai ajudar você.
O Rapaz pede desesperado aos soldados que não chegue mais perto.: Eles continuam...
- Fiquem onde estão por favor! Não! Não façam isso!
Mas é tarde... Ela numa espécie de salto de grilo pula sobre Falcão e de um só golpe arranca a metade do pescoço dele com uma mordida, o corpo do soldado cai fulminado...
Em seguida a menina se abaixa e lambe o sangue que esguicha como um animal! Raposa que até então estava como que em transe se recobra do torpor e ao ver aquilo atira nela... Uma duas... três vezes... Gritando como louco.
- AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH. Seu monstro!!!
O rapaz olhou para mim e saiu correndo dizendo:
- Vou vingar voce minha Rose! Vou matar aquele desgraçado... Mais uma vez o Padre chegou e não gostou da cena. E dessa vez pediu quase implorando! - Não atirem no possuído! Precisamos prender e levar um deles, matar todos não vai me adiantar; Ouvimos um tiro! A ideia de todos nós foi a mesma: “O menino matou o tal desgraçado”! Rumamos para onde veio o som do tiro, corremos pelo corredor escuro eu estava meio perdida entre os soldados eles enxergavam com o sensor dos óculos e eu os acompanhava. Havia um aposento com a porta aberta entramos em silêncio, no canto perto do sofá tinha uma mulher no chão com a barriga estraçalhada por onde lhe saiam as vísceras e um homem abaixado sobre ela, lambendo o sangue que alagava o aposento. O Padre jogou a tal armadilha, prendendo-o. Ele urrou e se debateu, mas os braços estavam imóveis.
Cconseguimos imobilizá-lo e prender em uma viga do teto jogando a corda deixando-o pendurado quase fora do chão. O rosto dele era uma mascará de horror! A voz cavernosa! O homem berra e blasfema contra o Padre e fala para si mesmo:
- ainda faltam dois.
Outro tiro! Continuamos a busca e ouvimos o rapazinho xingando, esbravejando, gritando : - Você não é meu pai! Afaste-se de mim! Porque fez aquilo com ela?
Um grito! O Silêncio... Quando chegamos ao local o rapazinho estava agachado, encostado a parede chorando copiosamente e o possuído que estava na armadilha havia sumido. O padre pegou o rosto do rapaz olhou bem com a lanterna de um lado do outro, olhou os olhos os dentes, sem soltar o crucifixo que segurava junto com a lanterna. Ao ver que o menino estava bem perguntou: - Onde está o homem que estava preso aqui?
Ele não respondeu, só chorava. O Padre viu um revólver ainda quente na mão do rapaz , foi até a armadilha, tocou nas tiras de couro que ficou pendurada, deduzindo:
- “O menino tentou atirar no possuído errando os tiros e soltando-o sem querer ao partir a armadilha.”
O Padre se levantou erguendo o rapaz tentando trazê-lo conosco, mas ele fugiu. Novamente nos dividimos. Águia e Lobo foram atrás dele, Raposa e eu ficamos com o Padre Eu fiquei um pouco mais atrás porque tentava acender meu 9 que cismou de apagar logo naquela hora.
Eu não via nada, tateava nos móveis procurando o caminho e seguindo o som das vozes dos soldados . De repente ouvi um grito bem perto... Larguei a câmara com o susto. Segurei no móvel que estava ao meu alcance e abaixei onde eu estava, senti que era uma espécie de escrivaninha ou algo no gênero me escondi por baixo dela como pude no mais absoluto silêncio. Tateei no chão no espaço a minha volta e encontrei minha câmera!
Fui puxando pela correia, bem de devagarinho... O maldito 9 acendeu... Direto a minha frente bem aonde estava o Rapaz deitado no chão... Em cima dele estava o possuído que fugiu da armadilha, segurando-o pelo nariz e pelo queixo forçando-o a abrir a boca e abaixou sobre ele. Arrepiada e muito assustada fiquei imóvel e Pensei:
– Cruzes! Vai beijá-lo!
Me preparei para virar pro outro lado, não queria ver essa coisa nojenta, que seria um beijo na boca dado por um possuído, mas, mudei de ideia imediatamente quando vi algo enorme saindo da boca do possuído! Eu continuei olhando... O possuído ficou uns centímetros do rosto do menino e passou para ele um verme que saia de sua boca, com mais ou menos 40 cm de comprimento e uma espessura de... Não sei bem! Era grosso que lhe enchia a boca. Eu estava completamente em desespero, mas tapei a boca com as mãos e nem respirei, para não fazer nenhum som, continuei ali imóvel vendo o verme trocar de corpo. Nisso apareceu o Padre com os soldados dele assustados.. Seguraram o possuído que se partia em suas mãos como torrão de açúcar. Soltaram-no com nojo e os pedaços caíram aos seus pés. O Padre nota o rapaz saindo à francesa, e com gestos avisa aos soldados que sorrateiros o pega num pulo. Ele se debatia falando algo incompreensível. Peguei minha câmera levantei e comecei a filmar tudo aquilo que já me causava náuseas, toda pousada estava cheirando como um bife de fígado repleto de mel. Um cheiro insuportável! Arrastaram o rapaz para um cômodo e o prenderam em uma cadeira. A escuridão incomodava, mas o Padre havia avisado: - Não acendam a luz em hipótese alguma, só eu posso fazê-lo, e outra ordem extrema era não sair dali, se o fizéssemos seriamos fuzilados pelo pelotão de prontidão do lado de fora para não deixar sair nenhum possuído. Só sairíamos com a voz de comando do Padre que seria detectada pelo dispositivo de reconhecimento. Amarraram bem o menino, ele gritava muito, tentaram amordaçá-lo, mas com uma dentada que parecia a de um tigre ele tirou um naco do braço de Águia. O sangue esguichou na hora deixando o rapaz desesperando querendo beber. De repente ele virou a cabeça a 180 graus... Nos fazendo dar um passo para trás com o susto. A pele estava morta e caia aos pedaços quando se mexia a boca cinzenta sem sangue, a língua azulada, os olhos saltando da órbita e blasfemava contra o pobre Padre que era o único que ainda estava em seu juízo perfeito. Nós só permanecíamos ali porque não podíamos sair. Mesmo assim com todo horror que ele dizia o Padre tentava exorcizá-lo, chegava o crucifixo bem perto do rosto dele, Aquele que antes era um belo rapazinho, agora um cadáver em decomposição, rosnava e gargalhava, mas não destruía a fé do Padre.

-------------------------------------------------------------- Continua....