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Meu Diamond

  • Katia Kristina
  • 14 de out. de 2016
  • 9 min de leitura

O nome dela é Maria, tem 21 anos de idade, mora em uma casinha humilde cedida pela assistente social do centro comunitário da sua cidade. (Albuquerque) no novo México.

Maria tem paralisia nas pernas, devido a um em um terrível acidente que sofreu a uns doze anos atrás. Quando seus pais vieram de Albuquerque para trabalhar no Brasil. O ônibus colidiu com uma carreta desgovernada indo parar no despenhadeiro. Neste ônibus estava toda família, Ela os pais e o irmão mais velho. Seus pais tiveram morte instantânea, e de seu irmão Maria nunca soube mais nada depois que saiu do hospital. Nem mesmo lembra o nome dele. Ficou por um ano em um centro de recuperação onde cuidaram de sua saúde e de suas pernas que ficaram presas sobre as ferragens no acidente. Depois foi levada a um orfanato onde saiu aos dezoito anos para trabalhar. As assistentes sociais lhe arrumaram moradia e um trabalho de copiadora em uma empresa de cartões de natal. Todos gostam dela por que mesmo com sua deficiência é esforçada, independente, prestativa e forte! Maria tem o sorriso puro, sincero, o olhar profundo de quem já sofreu, mas não se deixa abater, as mãos são pequeninhas e estão sempre frias, tropeça nas palavras pela grande vontade de se mostrar sempre segura! Não vive contando a ninguém sobre a sua infância de lágrimas.

Algum tempo atrás, havia na cidade um rapaz que estava no início da carreira de cantor, suas canções eram muito bonitas e apaixonadas, deixavam Maria encantada. Todas as vezes que havia show no único Clube da cidade ela estava lá. Lhe permitiam no orfanato que fosse ao Show para ver Diamond cantar e tocar sua guitarra vermelha que fazia a galera vibrar!

Ele tocava com o mais undo de seu íntimo! Maria era sempre a primeira na platéia! Cantava com ele, aplaudia, animava, fazendo assim com que o rapaz acreditasse no seu potencial. Assim eram todas as vezes que havia show. Diamond já procurava a “menina da platéia” em sua cadeira de rodas que o incentivava tanto. Certo dia esteve na cidade um caçador de talentos e levou embora o seu cantor. Maria ficou muito triste e saudosa, mas compensava a alegria de sabê-lo bem e com fama. Ouvia a rádio difusora da cidade sem parar, porque assim sabia quando ele lançava uma canção nova. Maria continuou com sua vida simples, seu trabalho e as seções de fisioterapia. Certo dia notou que seu chefe* estava ficando até mais tarde com intuito de levá-la em casa. Ela não aceitava, era muito difícil sair da cadeira para o banco do carro e vice-versa o que a deixava com dificuldade em sair com amigos para um passeio, uma coisa que Maria detestava era incomodar tendo que ser carregada por eles. Nos finais de semana quando não havia trabalho nem seções de fisioterapia. Maria cuidava de sua casa, de suas roupas, e suas coisas ouvindo um radinho de pilha bem velhinho que ganhou no orfanato quando fez 15 anos para não perder o novo sucesso de seu amado Diamond que se chamava. “Minha Menina da platéia” Maria ouvia com grande emoção como se a canção tivesse sido feita para ela.

Todos os dias ao entardecer Maria levava a sua CR para a porta e ficava olhando a estrada com o olhar ao longe imaginando um dia ver chegando o "seu" Diamond. E além de Diamond quem sabe? Poderia ver chegar alguém de sua família a lhe procurar. “era o sonho secreto de Maria”. A noite chegava sem nada acontecer, os olhinhos de Mariam ficavam tristes fitando o vazio caminho do Sol. Muitas vezes ela chorava lembrando quando Diamond passava por sua casa e a cumprimentava com a cabeça e sorria para ela.

- Que sorriso lindo tem Diamond!

Numa bonita tarde de Sol fraquinho, aquelas em que não queremos que o sol se vá de tão gostoso. Maria está na porta lendo um livro de poesias e vez por outra olhando a estrada, numa dessas olhadas avista uma Van preta. Um carro diferente na estrada que dá acesso a cidade? O coração dela deu um grande salto. Ele sabia que era Diamond! Mesmo nunca tendo visto seu Ídolo motorizado. Quando a Van passou em frente a casa o coração de Maria quase sai do peito, finalmente sua tristeza chegaria ao fim, sua boca pequena abriu o mais lindo e iluminado sorriso.

-Oh Deus é ele! O "meu" Diamond!

Mas... O "seu" Diamond estava no banco traseiro entretido conversando com uma moça e ao passar em frente a porta, Maria estava lá com aquele seu lindo sorriso luminoso! Diamond olhou para ela como se não tivesse visto ninguém e voltou a conversar. Maria abaixou a cabeça e chorou.

– Ele não se lembrou de mim...

Diamond nesta noite cantou no Clube da cidade que o apresentou ao mundo. Estava tudo pronto! Luzes, gritos, aplausos. A banda começou a tocar Diamond olhou para primeira fila e não viu a menina da Cadeira de rodas. Foi tão grande a decepção! Ele esperava que ela estivesse lá.

Na semana seguinte cantou novamente no mesmo Clube e nada! Quando passava em frente a casinha da moça estava sempre fechada.

Um dia ele parou o carro e ficou horas lembrando de quando cantava duas vezes por semana no Clube da cidade no início de sua carreira, e via Maria em sua cadeira de rodas sempre no mesmo lugar. Uma menina simples que sorria para ele quando terminava uma música, cantava junto, aplaudia, incentiva e o animava a continuar. Diamond se lembrou que ela chorava quando a canção era triste. Diamond voltou! Cantava seus sucessos mais famosos o públicos e os fãs o aplaudiam, gritavam chamavam seu nome em delírio, mas ele sentia falta da menina simples que estava sempre lá, na primeira fila em sua Cadeira de rodas! Diamond sentia uma ausência doída daquele meigo sorriso, e do apaixonado olhar de Fã.

= Ela precisa voltar! Eu preciso daquele beijo que ela atirava entre lágrimas e sorrisos no final de cada show antes que eu saísse apressado.

Agora a menina trabalha o dia inteiro sem tempo para sonhar. Ah se ele pudesse controlar seus sentimentos! Esses sentimentos que nem ele conhece direito. Hoje a noite Camilo o chefe de Maria foi promovido a gerente de vendas, ele é um homem que vive sozinho também e não tem ninguém para compartilhar sua alegria. Então ele explicou isso a Maria e a convidou para um brinde com sorvetes, Maria aceitou um pouco envergonhada porque Camilo teria de carregá-la assim como também a CR. Camilo a levou a sorveteria do Leno. É um lugar bonito com mesinhas ao ar livre. Eles estavam brindando com seus sorvetes quando chegou Diamond com sua companheira que também é empresária, ao ver Maria com Camilo ele tentou ir embora, mas sua companheira insistiu em ficar. Diamond ficou e escolheu uma mesa atrás de Maria!

Camilo e Maria conversam bastante, quando já estavam prestes a sair Camilo resolveu flertar com ela que não aceitou... Camilo insistiu e tentou beijá-la. Maria não podendo se levantar e sair sem ajuda... Ficou se esquivando! Ao ver isso Diamond levantou de sua mesa e foi em auxílio de Maria que ao vê-lo quase desfaleceu. Diamond levou o rapaz até o carro dele e pediu que se retirasse.

A companheira de Diamond levantou e começou a reclamar que ele havia deixado ela sozinha por uma desconhecida deficiente que estava dando mole pro cara. "Foi o maior barraco"!

Maria com sua voz suave e firme pediu: - Agradeço a gentileza! Mas não preciso que me defendam assim em público, ainda mais com sua namorada querendo me julgar. = Ela não é minha namorada!

Ao ouvir isso a moça deu uma tapa em Diamond e foi embora. Ele pega Maria nos braços, levou até um táxi, pagou a conta, apanhou a CR que está fechada em um canto ao lado da mesa e vai levou a moça em casa. No caminho não tocaram mais no acontecido. Para quebrar o gelo que ficou entre eles Diamond começou a conversar, ele contou a Maria como foi difícil ficar sozinho na cidade grande, que viveu em um orfanato e que foi nesse orfanato que descobriram sua vocação em cantar e compor. Maria se liberou um pouco e também contou sobre ela . Porém, ao contarem sobre os acidentes com seus pais, notaram que as histórias se comparavam como se um estivesse contando a história do outro. Maria não se lembrava o nome de seus pais nem o nome de seu irmão.

- Eu não me lembro os nomes dos meus pais nem do meu irmão, mas sei que eu os amava muito! O que me lembro bem, é que o nome de meu irmão era diferente.

Maria olha para Diamond que a olhava fixamente e disse sorrindo ao rapaz:

- Fique despreocupado que tenho quase certeza que não seria Diamond. Sempre fomos muito simples para que meus pais pusessem um nome inglês em um de nós. Veja pelo meu nome é realmente Maria. Essa correntinha com meu nome gravado sempre esteve comigo.

Maria retira a correntinha de dentro da roupa e mostra a Diamond chegando o tronco pra frente, para que ele veja. Ele pegou a correntinha que ela lhe ofereceu e olhou assustado para Maria!

- O que foi Diamond?

Ele não respondeu! Estava olhando fixamente para a correntinha da moça onde estava escrito o nome. No cordão de ouro havia uma medalhinha amassada,... Em uma face estava escrito "Agnus Dei", na outra face estava escrito; Maria. Diamond segurou a mão da moça apertando forte e retirou de dentro de sua própria camisa uma outra correntinha idêntica. Com uma medalhinha também amassada, escrita em uma face: "Agnus Dei" e na outra face: João Só. Ao ouvir este nome a mente de Maria começou a reagir como se alguém houvesse destrancado com uma chave mágica.

"No dia que o pai de Maria comprou as correntinhas com as medalhas, mandou gravar os nomes dos filhos e levou ao Padre para benzer e assim protegê-los de todo mal. Quando o ourives perguntou que nomes gravar ele disse orgulhoso. - Maria e João! - Maria e João? Nas duas? O ourives perguntou ao ouvir a resposta do homem.. e ele respondeu sorrindo: - Não camarada! Em uma você grava João e na outra voce grava Maria! O ourives perguntou quando foi gravar? - João de que? Ele respondeu - João só! E na outra escreve Maria não quero sobrenome. O ourives escreveu realmente “João Só” O pai das crianças nem havia notado tamanha foi a vontade de chegar logo em casa e entregar os presentes aos filhos. Assim que o pai entregou as medalhinhas João que na época tinha 10 anos mordeu as medalhinhas, para ver se eram verdadeiras. Ele ouviu pela vizinhança que era assim que para saber se o ouro era de verdade, precisava morder... João mandou dentada nas medalhas. Seus pais ficaram aborrecidos a medalha novinha! Acabaram de ganhar e quase o pôs de castigo, mas quando ele explicou o motivo o deixaram em paz sorrindo. A mãe das crianças foi olhar o estrago nas medalhas para tentar com jeitinho pedir ao ourives que concertasse para eles, Mas e viu escrito “João Só” perguntou assustada ao marido: - Por que “João Só? Você enlouqueceu? Só então ele reparou no erro, pensou em levar para trocar, mas não podia o filho havia mordido a medalha. João ficou com a medalha danificada e passou a ser chamado pelos amigos de “João Só”! Até quando saiu do orfanato com 18 anos e adotou Diamond como nome artístico".

Não tinham como negar! Eram eles mesmo. E eram irmãos.

Os dois continuaram em silêncio até chegar à casa de Maria. Foi um choque saber que eram irmãos. Mesmo sendo maravilhoso ter a certeza que os dois estavam vivos, que podiam se abraçar. Chegaram defronte à casa de Maria, ele a pegou nos braços para leva-la para dentro, ela encostou a cabeça em seu peito. Tantos pensamentos dançavam na mente de Maria; A volta de Diamond, ele estar ali com ela nos braços. Diamond! O seu ídolo! Ali com ela! E ele é seu irmão! E o mais importante está vivo! Graças a Deus!Maria rezou para que o caminho que faziam do portão á varanda fosse eterno. Mas não foi. Eles chegaram... Diamond colocou-a na espreguiçadeira e foi até o táxi buscar a CR e pagar ao motorista. Votou cabisbaixo porque a mente dele condenava a felicidade do coração. Diamond além de estar feliz por Maria a sua irmãzinha estar viva e com ele. Estava feliz por ter encontrado a “Menina da platéia”, que ele não queria perder de vista nunca mais. Ele entrou na varanda e encontrou Maria com a cabeça entre as mãos chorando desconsolada. Diamond entendeu sua tristeza e não conseguiu deixar de sentir alegria, porque essas lágrimas dizia EU TE AMO e não era como irmã. Ele a pegou por baixo dos braços e a levantou, ela segurou no pescoço dele e deitou a cabeça como uma criança. Diamond a levou para dentro e a acomodou no sofá, fêz um chá que tomaram juntos, em silêncio. Não disseram nada mais sofriam muito, não queriam estragar o encontro de dois irmãos, mas também não queriam perder o momento do encontro de seus corações. Eles cresceram sob as leis de Deus e estavam se sentindo perdidos, pois o amor que sentiam, ia além do amor de família...

....

RAFAEL VITTI

 

continua.


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