A MINHA HISTÓRIA!
- Katia Kristina
- 7 de out. de 2016
- 10 min de leitura
Palavra do Autor:
Sou apaixonada por Chico Buarque de Holanda
MINHA HISTÓRIA é a canção que eu mais gosto em toda minha vida...
Desde menina, para ser exata; desde primeira vez que ouvi.
É a numero um dentre tantas outras canções do Chico que eu adoro. Esta canção toca fundo em meu coração eu não sei bem dizer o motivo
E nem posso dizer que se identifica comigo, porque sou uma menina rsrs
Eu adoro escrever histórias e resolvi escrever este conto
Em homenagem ao meu grande Herói Chico Buarque
Usando palavra da letra para montar o enredo
do meu conto que também se chama...
AMINHA HISTÓRIA!
***
Esta história se deu em Verona: - uma província Italiana da região do Vêneto. Um conto que em primeiro lugar mostra a esperança, o amor a perseverança a Fé e a coragem.
- Verona é um maravilhoso exemplo de cidade que se desenvolveu progressivamente e sem interrupções durante mais de mil anos. Estamos no ano de 1968. Hoje é dia 15 de maio, a noite estava calma, uma daquelas noites frias que as pessoas preferem ficar dentro de suas casas tomando seu chocolate quente.
Uma estudante do terceiro ano de nome Luna se encontrava em um casebre, sozinha, “não que ela morasse nele,” mas preparou tudo com muita coragem. Estava em trabalho de parto, prestes a dar a luz. Forrou um plástico grande e limpo no colchão, colocou ao lado lençóis e toalhas limpos, para o momento do expulsivo, precisaria limpar e enrolar o bebê. Sacos plástico para descartar os materiais que fossem usados, balde para colocar a placenta, tesoura fervida, barbante, Algodão, água filtrada e fervida, tintura de algodoeiro, deu uma olhadinha, não faltava nada. Luna esperou... Em mais ou menos quarenta minutos começou o expulsivo, Luna ficou de cócoras para facilitar a expulsão, algumas contrações forte e nasceu seu bebê... Um frágil e pequenino bebê, uma menina a quem Luna colocou sobre o peito e deu o nome de Anne. Depois de respirar um pouco para descansar das forças que fez, Anne enrolou o bebê nos lençóis, deixou ao lado, pegou o barbante abriu um pouquinho o lençol e amarrou o cordão umbilical numa distância de 2 ou 3 cm da barriga do bebê, deixou um espaço de 3 cm e amarrou novamente, em seguida, com tesoura esterilizada cortou entre as duas amarrações.
Depois de cortar o cordão umbilical fez o asseio no bebê com a água fervida, fez a limpeza do umbigo com a tintura de algodoeiro, vestiu sua pequenina com uma roupinha de lã rosa, a única roupa que ela comprou, alguma coisa dizia que seria uma menina. Enrolou-a em uma manta. deixou sobre a cama, terminou o asseio próprio, descartou os materiais e esperou.
Alguns minutos depois chegou um rapaz, de seus 17 anos com uma cesta de vime que entregou a Luna. Era pequena e aconchegante. Ela pegou a cesta forrou para ficar macia. colocou Anne dentro e escreveu em um pedaço de papel:
(Minha querida Anne, perdoe seus pais se seu coração assim permitir.)
Enzo apanhou a cesta e foram embora se esgueirando pelas sombras em silêncio, um silêncio que doía na alma e no coração. Chegaram ao Rio Grezzana que liga a estrada San Giovanni Lupatoto. Enzo retirou um barco que estava escondido entre as moitas e atravessam o rio remando, Olharam para filhinha deles com tristeza, Luna chorava, mas eles não tinham mais o que fazer... estavam perdidos e assustados Chegando do outro lado, na cidade de San Giovanni Lupatoto, Enzo pegou a cesta, segurou na mão de Luna que ainda estava cansada pelo parto e foram por uma trilha que levava ao orfanato Santa Luzia.
Chegando lá entraram furtivamente, puseram a cesta no degrau olharam pela última vez sua pequeninha Anne, Luna retirou do pescoço uma correntinha de ouro com uma medalhinha do menino Jesus e colocou no bracinho de Anne, Enzo tocou a campainha e se esconderam, mas ficaram espiando.
Apareceu no grande portão duas freiras olhando para os lados. Ficaram encucadas por não haver ninguém ali, e elas atenderam de imediato, como poderiam já terem ido embora? Nisso uma delas tocou o pé na cesta e olhou para baixo. Notando que ali tinha um bebê e sussurram;
- Oh! Senhor Jesus! Novamente um abandonado!
Disseram isso em conjunto com as mãos nas bocas como se não quisessem dizer o que disseram. A freira mais nova abaixou e abriu a mantinha dizendo feliz:
- É uma menina irmã! Coradinha, mas muito miudinha.
A irmã mais velha mandou que ela apanhasse a cesta para que elas
entrassem rápido. Dentro do orfanato elas descobriram o bebe que continuava a dormir como um anjo que é.
- Olha irmã Piedade! Ela é linda! Muito miúda, mas bonita como um Anjo!
Disse a freira mais nova. A outra que se chamava irmã Carmela retrucou:
- Irmã piedade! Não se apegue! Você sabe que bebês bonitos não esquentam colchões.
Os pais de Anne votaram abraçados e com o coração em frangalhos. Ele um vendedor de jornais e ela Uma moça de classe alta, órfã de mãe. Seu pai muito severo nunca soube da gravidez da filha ou a teria feito abortar, Luna achou melhor deixar seu bebê com as freiras a ter que “matá-lo” Luna era muito fraquinha, debilitada e tinha apenas 15 anos de idade. Viia doente, então pediu a seu pai, que a deixasse ir para casa dos avós passar alguns meses, os médicos já haviam recomendado que Luna mudasse de clima por motivos de saúde, O pai consentiu a sogra dele morava afastada da cidade, ele achou que a filhinha dele estaria longe dos Marmanjos aproveitadores além de ficar mais sadia...
Os meses no orfanato foram passando rápido. Anne crescia muito franzina dificultando a adoção. Mas a pequena Anne era saudável e esperta, quase não adoecia e quando acontecia sarava rápido. Era franzina por sua natureza! As freiras até gostavam disso, porque não queriam mesmo que a doce e pequeninha Anne fosse embora.
Quando Anne completou 7 anos, alguns estudantes de medicina que sempre visitavam o orfanato para ajudar no que fosse preciso. Fizeram uma festinha para ela e exatamente nesse dia, um casal que procurava uma menininha para adoção veio ver Anne. O senhor adorou-a! Ela se parecia em muito com sua esposa que também era franzina e delicada.
Chegaram depois de cantarem os parabéns, as crianças estavam comendo o bolo e os doces. Eles foram a Secretaria resolver as burocracias. Após estar tudo nos conformes voltaram ao refeitório para esperar acabar a festinha e levar a menina.
Ao chegarem lá se assustaram com a cena que presenciaram.
Todas as crianças e freiras rodeavam Anne que estava sendo acudida pela irmã Piedade que chorava por não saber o que fazer, a menina tossia sem parar: por mais que tentassem não conseguiam fazer a tosse parar nem tampouco, diminuir o acesso .
O casal ao ver aquilo saíram bem rápido do refeitório indo direto para secretaria desfazer o acordo. Não quiseram levar uma criança doente para o seio de sua família.
Nisso. Um dos estudantes de medicina entrou no refeitório e viu a cena, pediu que se afastassem, pegou Anne por baixo dos braços de costas para ele, encostou-a em seu peito, cruzou os braços na cintura da pequena e de um supetão apertou forte e cuidadoso, fazendo o ar que estava obstruído em seu diafragma sair com a pressão, expelindo a jujuba que ela engoliu de mal jeito ao comer um pedaço de bolo.
- Pronto pessoal! Anne está bem de novo!
E para alegria de todos, não foi adotada! O tempo foi passando e sempre o pessoal do orfanato dava um jeitinho de impedir que a adotassem. Ao completar 12 anos de idade, iniciou o seu período de puberdade, os encantos de Anne afloravam como o desabrochar das rosas. Aos 14 anos de idade já era uma bela mulher. Seus cabelos castanhos dourados e encaracolados, a deixava com ar de Anjo. Mas em seus olhos cor de mel havia uma sensualidade “notada de longe”! Em um destes fatídicos fins semana chegou ao orfanato, um casal muito distinto procurando uma mocinha para adoção, disseram que queriam cobrir a saudade de sua filha que morreu. (isso Dizia a Senhora Lili chorosa)! Então dessa vez fizeram o contrato... Anne estava uma mocinha e precisaria de coisas bonitas que chegassem ao alcance de sua beleza deslumbrante, esses senhores tinham posses e muito carinho. E... E levaram Anne embora. Além de adotar a menina o bondoso casal ainda deu uma grande quantia em doação ao orfanato. Todos comentavam da bondade deles e pediram a Deus que os abençoassem. Que desolação! As irmãs ficaram sem o seu raio de sol!
Anne ao correr pelo pátio enquanto ajudava a cuidar das crianças com seu jeito carinhoso, trazia uma imensa alegria para as freiras, principalmente a irmã Piedade que se apegou a miudinha criança que chegou ao orfanato naquele dia. A hora das refeições ou a hora das orações era uma tristeza só. Mas saber que Anne estaria bem as consolava. Pelo menos Anne estava com uma família de verdade!
Ah! Se elas soubessem!
Dona Lili era uma cafetina! Anne foi adotada por ela e levada para Vêneto! Dona Lili estava ensinando a menina a ser: Uma Cortês e sutil “Dama de companhia” Para trabalhar em seu Bordel.
Sensualidade! Ela já possuía de nascença.
Dona. Lili. Comprou belas roupas ensinou-a a se vestir, a se comportar na frente de um cavalheiro. Claro, porque Anne seria leiloada aos grandes senhores da cidade de Veneto. Ela bonita daquele jeito era riqueza garantida para Dona Lili e ela não permitiria que sua preciosidade, atendesse aos pés-rapados e sim aos cavalheiros de grandes posses que frequentavam o bordel. Quando Anne estava pronta! Por sua primeira noite como "dama cortês", sua virgindade foi leiloada e resgatada por uma grande quantia! Fazendo da Dona. Lili muito mais rica do que era.
E assim Anne “servia aos grandes senhores”! Que pagavam bem.
Até o dia em que pela primeira vez, ela saiu para ver o mar. Anne se encantou com o mar! Passando a ir sempre que podia ver o mar ao entardecer, o Por-do-sol a deixava enternecida. Isso fazia com que ela voltasse a noitinha cansada e apressada. Sendo motivo de reclamações da dona Lili. Os cavalheiros pagavam bem e queriam Anne bem disposta. Dona Lili chamou Anne e decretou que ela deveria estar em casa todos os dias antes das 18 horas para se cuidar e estar apresentável a noite.
E Anne cumpriu... Até que um dia!
Ela passou a tarde caminhando na areia na beira da praia como sempre fazia quando ia ver o mar, as 17:30 estava se aprontando para ir embora abaixou-se para calçar os sapatos, quando viu "por cima dos olhos" uma figura vinda na sua direção, levantou a cabeça... Era um homem misterioso, com um andar jocoso que parecia bailar. Vestindo calça e camisa branca, a calça tremulava ao vento, parecendo ser feita de um tecido muito macio e fino, Ele mantinha a camisa aberta e no peito reluzia um grosso cordão de prata com um crucifixo, as mangas da camisa estavam arrancadas, mostrando a linda tatuagem de uma sereia no braço, tinha a pele bronzeada, estava descalço e os cabelos rebeldes dançavam ao vento. Anne se levantou e ficou esperando que ele passasse por ela. Antes de ir embora queria vê-lo de pertinho.
Aquela figura misteriosa mexeu com ela.
Ficou parada com os calçados na mão olhando na direção do homem que caminhava devagar, com aquele andar diferente.
Quanto mais ele se aproximava, mais o coração dela disparava... Quando ele estava a poucos passos dela, Anne desviou o olhar para o chão e ficou brincando com o pé em uma conchinha.
Ele parou na frente dela! Anne viu seus pés descalços... Foi subindo o olhar por suas pernas, abdômen, peito, até que chegou na boca, onde nascia um sorriso perfeito com uma carreira de dentes certinhos e alvos como a neve, entre eles, um dente de ouro que brilhava com os raios do sol.
Anne nunca viu alguém com dentes de ouro e demorou mais naquele lindo sorriso hipnotizada, quando notou que os lábios do homem se moviam! Como que, saída de um transe, ela ouviu apenas o fim da frase dele...
- ... Por aqui...
Anne chegou com muito custo aos olhos daquele homem que a deixava sem fôlego, eram castanhos e impressionantemente sedutores. Ainda sem ar ela perguntou:
- O.. que... O que disse senhor?
Sem deixar de sorrir ele respondeu:
- Perguntei de onde viestes pequenina? Eu nunca lhe vi por aqui?
A voz dele deu mergulho em seu coração com aquela pergunta que Anne não poderia responder... Ela pensou:
- "O que eu digo agora"?
Achou melhor pular aquela pergunta e falar de outra coisa E assim o fez. Virou para o mar e alou: - Eu adoro o mar. Fico fascinada olhando para ele
O homem também virou de frente para o mar e falou manso e melancólico.

- Também amo o mar! Vivo tentando descrever o mar e o que ele causa em meu coração. Mas, posso lançar prosa desse mar que se cruza pela rota, mas não é assim que saberei descrever o mar. Talvez eu fale das vagas, a fadiga, a embarcação que range, mas não do mar, Por que esse assim riscado e falado, não é mar, é água.
Posso até tentar descrever o mar que nos traz pelo vento, mas nunca o conseguirei, porque esse mar não se descreve. Sabe por que pequenina?
Porque essa esteira de água que aqui borbulha, já ali tem outro rumo, as brisas que aí vêm, nos panos das velas se esgueiram. Tudo no mar apenas se conhece o que foi falado. Por que quando o temos nas palavras ele já se foi, Já outro mar nos leva. Só há o mar que vem e o mar que foi. Não há desse mar o que se saiba falar, só o que possa guardar no olho que viu e jogou no coração.
Anne ouvia completamente encantada com lágrimas nos olhos. Nunca ouvira coisas tão lindas do mar de quem nem sabia falar do mar.
Ele olhou para ela e viu suas lágrimas, pegou-a pela mão e a trouxe para junto dele, recostou-a em seu peito e correu a mão pelos cabelos dela... . Anne estremeceu: Ele tinha o cheiro do mar. O Homem continuou a falar:
- Se você está apaixonada pelo mar, precisa ter cuidado, ele contamina a alma! Ao fim de algum tempo para você... tudo será água. Para onde você olhar, haverá água, tanta água que você achará que ela está até a escorrer do céu. E chegará essa visão a te envolver de tal maneira, que mesmo que bem aportada e de amarras bem lançadas, nem assim haverá quem te convença a deixar a embarcação, tal será o seu medo de se afogar em terra. Assim é o mar pequenina.
O Sol se pôs... Anne se esqueceu de voltar, tão aconchegante era os braços do homem a envolvê-la. Ela o ouviu por horas, depois ficaram em silêncio sentados a olhar o mar. Anne tinha medo que tudo aquilo fosse um sonho, tinha medo de acordar a qualquer momento.
Quando no horizonte apareceram os primeiros raios da manhã ele pediu licença para banhar-se, deixou Anne na praia e entrou no mar, assim mesmo todo vestido. Deu vários mergulhos até que ela o perdeu de vista. Esperou que ele voltasse até que o sol castigou sua pele branquinha. Então voltou para “casa”. Ao chegar foi insultada pela Dona Lili que perdeu vários clientes. Anne disse que dormiu na beira do mar. Claro que não convenceu
E todos os dias ela ia esperar o homem que nunca mais voltou....

Phury modelo David Boals
.......
continua.........