Os Espectros de Küerten
- Katia Kristina
- 29 de set. de 2016
- 11 min de leitura
Em Küerten um reino distante e próspero, havia um Rei. Sábio e bondoso! Depois de muitas guerras conseguiu um pouco de paz com seus dois filhos.
Heiden e Náfilus, os dois foram criados para ser um líder. Heiden mimado, capcioso e soberbo, o contrário de Náfilus que era sábio, ponderado e carinhoso.
O Rei Dolfar perdeu sua esposa Rowena a quem amava muito. Ela foi morta por uma gárgula que a bruxa Circe enviou para raptá-la. Circe queria tomar o lugar de Rowena no coração de Dolfar. Ao tentar raptá-la, a gárgula rasgou seu ventre ao segurá-la forte expondo toda suas vísceras. Dolfar reuniu seus homens e conseguiu destruir o exército de Circe e baniu-a de Küerten. Circe jurou vingar-se ao deixar os portões da cidade. Dolfar ama seus filhos, mas fica estressado ao ver seus filhos sempre disputando o amor dele. Náfilus por carinho e Heiden por querer sempre ser o melhor e o mais esperto. O Rei resolveu descobrir de uma vez por todas qual de seus dois filhos estava apto para governar ele amava os dois, mas precisava ser imparcial. Afinal apenas um seria o Rei, Para governar todas aquelas terras, teria que ser o melhor para o povo. A ideia do rei foi a seguinte: Dar um jantar e nesse jantar na frente de todos ele pediria aos filhos que lhe desse um presente, mas sem dizer o motivo para que não houvesse trapaça. E no presente de cada um ele veria quem mereceria ser um governante. Ele daria o trono aquele que fosse: sábio, honesto e sagaz.
E assim ele fez pediu a seus arautos que anunciasse que ele daria um grande jantar em homenagem a paz que reina em sua querida Küerten e queria a presença de todos os reis vizinhos e do seu povo tão amado. O povo sabia que o Rei daria um proclame, já conhecem seu monarca! Chegou o grande dia: Hora do jantar, mesa farta, todos compareceram estavam curiosos para saber qual seria o proclame do rei. Em um dado momento Dolfar se levantou, todos estavam reunidos a mesa, primeiro olhou para cadeira vazia a seu lado... Onde sentava sua Rowena a melancolia era notável. O rei esticou o braço como se fosse tomar a mão de Rowena entre as suas, o silêncio foi total. Só se ouvia o som de Heiden que brincava com o talher disperso de tudo que acontecia ao seu redor. Náfilus cutucou-o por baixo da mesa. Náfilus sabia que seu pai não admitia a morte de sua mãe e se aborrecia com a indelicadeza de Heiden que levantou os ombros sem saber o que havia feito. Dolfar notando os dois já se mordendo* Levantou a caneca e disse forte e decidido.
- Meus amigos! Proponho um brinde a nossa amizade com uma caneca cheia de hidromel! Quero assim, além de firmar nossa amizade duradoura estabelecer uma relação intima entre meus filhos e eu. Como já sou um velho posso ter as regalias que sempre quis e escondi por ser um rei. Mas agora quero algo inusitado. Desejo ganhar dos meus filhos um presente, não irei escolher, fica por conta e risco dos dois me trazer o presente que me deixará mais feliz. É um desejo egocêntrico?? Sim é! Mas eu posso extrapolar eu sou o Rei e sou um Velho. Agora brindemos a isso! - TIM-TIM
O brinde é feito! Quebrando a comoração Heiden perguntou visivelmente preocupado:
Pai tem certeza que não quer escolher?
- Sim meu filho! Tenho toda certeza! Eu quero um mimo.
Os dois filhos olharam-se, nesse momento foi notada a rivalidade entre eles. Dolfar olhou para cadeira vazia e levantou a caneca em cumplicidade.
Náfilus perguntou ao pai qual seria o prazo para o presente. O rei respondeu que precisam apressar-se, pois ele já está velho e pode perder a sanidade sem contar na vida. Durante a noite os rapazes ficaram matutando o que seria de agrado do rei, já que ele tem tudo, qualquer bem material ele possui ou pode possuir num piscar de olhos. No dia seguinte saíram a procura do presente. Náfilus foi procurar Sairá sacerdotisa de Freya Deusa do amor e da luxúria. Amante de magia e feitiçaria, ela pode tomar a forma de um corvo, para viajar ao mundo dos mortos e trazer profecias e a alma dos saudosos para um acalanto. Ele queria algo assim, que fizesse seu pai sentir a presença de Rowena a única mulher que ele amou em toda sua vida e que a ausência lhe trás a vontade de partir para NIFLHEIM. Ele não é tão velho. Heiden não sabe o que fazer... Tem medo de ser menosprezado, quando o irmão apresentar seu presente ao pai. Ele sabe que seu pai só ficará emocionado se o presente for algo que lhe toque no coração. E Heiden não sabe lidar com sentimentos. Esse espaçamento de consciência, o deixa vulnerável ao mal do mundo inferior. Então, Circe que havia se transformado de bela e sensual feiticeira em uma poderosa bruxa maligna, com sua fonte mágica e areia do destino viu e ouviu tudo que se passou no castelo e aproveitou o medo de Heiden para alcançar sua vingança.Por despeito e humilhação entregou sua essência vital a Sodômo, um demônio, um espírito do mal, que sobreviveu a milhares de anos no NIFLHEIM , o mundo dos desencarnados. O terceiro e último nível, o domínio dos mortos, um local gelado, onde a noite não tem fim e aonde os homens de mau caráter são enviados após a morte. Sodômo possui poderes inimagináveis e se alimenta de energia vital humana e troca essa energia por feitiçaria maligna. Agora Circe é um espectro que precisa da essência humana também, para ter umas horas como era antes, por que a vida que possuía pertence a Sodômo. Quanto mais ela se transforma em uma forma decadente mais forte fica. Como a mutação de sua forma exige toda força que possui, ela procura os desesperados por poder ou aqueles que vivem sob o domínio da ambição terrestre e os engana com poderes de imortalidade. Como as mentes dos que foram sugados de força vital fica lenta. Eles acham que são imortais. Mas são espectros putrefatos que vivem sobre uma caverna que os supre de energias cósmicas. Circe está de volta a Kuerten para vingar-se de Dolfar. Alojou-se em uma caverna nas proximidades do castelo onde montou seu templo de horrores e seu exército de monstros, que são os homens e mulheres que vão até ela em busca de poder. São ludibriados passando a servi-la tornando soldado de seu exército de monstros e comandados por ela. Em uma dessas metamorfoses foi até Heiden e lhe ofereceu uma forma de dar o melhor presente ao rei. Contou a ele sobre os planos do pai em tornar rei a quem lhe der o melhor presente. A ambição de Heiden ultrapassou os limites, fazendo-o aceitar qualquer que fosse a troca para torná-lo soberano. Circe propôs a Heiden dar seu coração ao Rei... Ele se assustou...
- Como bruxa? Se eu der meu coração vou morrer e morto não serei Rei de nada. Esse é o seu plano me matar? Assim o rei será Náfilus! Oras!!
- Não morreras Heiden. Será feito um feitiço que manterá seu coração palpitando mesmo fora do seu peito. Não morrerás nunca! Enquanto seu coração existir latente. Imagina o impacto que causará aos sentimentos do rei, você lhe dará o próprio coração em uma demonstração de amor sublime. Nada que seu irmão faça irá cobrir tamanho feito.
Heiden aceitou, perguntou a Circe o que precisaria dar em troca;
- Não quero pagamento agora. Quero mais tarde, que você comande meu exército
-Um comandante de exército? Mas isso é tudo que desejo! Não gosto do marasmo que se tornou meu reino. Isso será fácil, não será nenhum sacrifício.
Pobre Heiden). Circe preparou o local, as poções malignas e mandou chamar Heiden: Quando ele chegou, pediu que se despisse e que os espectros o segurassem pelas pernas e braços e colocassem em uma pedra de sacrifício no centro da caverna. E evocou Sodômo, os espectros em volta da mesa repetiam suas palavras de evocação. Na parede da caverna abriu-se um portal de energia maligna e em meio a s brumas escuras e espessas surgiu uma criatura de manto e capuz negro. Heiden sentiu o cheiro intragável de minerais derretidos e calafrios, mas permaneceu imóvel. Os espectros afastam-se com gestos de irreverência permitindo que a figura se aproximasse, era um ser de beleza indescritível. Olhar sedutor estava completamente nu, possuía piercings nos mamilos e unhas imensas. Chegou na beira da pira, olhou sorridente para Heiden e seus olhos faiscaram tamanha era a beleza do rapaz que estava á sua frente nu e submisso deitado naquela pira, sem perguntar o que lhe aconteceria. Sodômo passou com leveza a unha do dedo indicador da testa ao baixo ventre de Heiden arrepiando o rapaz que estava com os braços e as pernas escancarados e presos na pira. Heiden tremeu ficando preso ao olhar de Sodômo que lentamente se aproximou dos lábios dele. Em um gesto espontâneo Heiden entreabriu os lábios. Sodômo aspirou forte sugando a essência vital de Heiden, ao mesmo tempo em que rasgava seu peito com a unha do dedo indicador. Neste momento Heiden estarrecido pôde ver a forma verdadeira de Sodômo. (O rosto dele era como os de um lagarto, olhos rasgados atravessados Iris na horizontal, órbitas vermelhas, a boca bem grande em toda extensão da face de lado a lado , a língua bifurcada, de onde ele sentia o gosto e o “tato”. lambendo o sangue que escorreu no peito de Heiden. Sodômo retirou o coração com vida, quente, latejante do tórax de Heiden e entregou a Circe que o pôs em uma redoma e proferiu algumas palavras de feitiçaria depois fechou hermético recomendando que nunca abrisse o recipiente. Sodômo cauterizou a abertura que fez no peito de Heiden com a mesma unha que abriu e afastou-se sumindo na abertura nebulosa da caverna. Os espectros soltaram Heiden Circe lhe entregou seu coração pulsante recomendando novamente que não abrisse a tampa ou o coração pararia de bater. Perdendo assim a magia e Heiden deixaria de existir. Heiden vestiu-se, pôs um manto com capuz que lhes foi oferecido por Circe, guardou a redoma com o coração em uma sacola de pele de animais amarrou na cintura com uma corda e partiu de volta ao palácio.
Enquanto isso Náfilus Segui Sairá até o templo da Deusa Freya. A sacerdotisa foi perante a Deusa falar-lhe sobre o desejo de Náfilus em agradar ao pai com a imagem constante da mãe. A Deusa prometeu fazer uma poção encantada para que Rowena estivesse com o Rei por todas as noites de sua vida.
A Deusa ordenou a Náfilus que fosse até o pico da montanha Mürdein a montanha de neve. E pegasse uma flor. (É uma trepadeira graciosa e frágil, exemplar feminino de Stauntonia hexaphylla, com uma flor branca tingida de violeta e um intenso aroma doce. É uma espécie dióica (flores masculinas e femininas em plantas distintas), Se chama Akebia. É esse detalhe que vai lhe permitir identificá-la. Se algum exemplar masculino vier inquietá-la no seu retiro, esta planta produzirá frutos ovais com sabor de mel, carnudos, de casca roxa quando maduros e com cerca de 5 cm de comprimento. Ela nasce em uma fenda no mais alto local e só existe uma flor, que não tem vida longa,) ele teria que regressar rápido ou não daria para fazer a poção. Se a flor perder toda a vida não adiantará o sacrifício.
Sairá saiu do templo e contou a Náfilus sobre a conversa com a Deusa, avisou de todo perigo, dificuldade, do frio, pois a montanha é gelada e da magia existente em Mürdein. Que ele terá que escalar e quanto mais subir, mais lhe faltará o ar.
Como Náfilus é sábio: pediu a deusa que lhe providenciasse algo que protegesse a flor, já que os perigos que ele iria passar poderia destruí-la. Sairá entrou novamente e quando voltou trouxe com ela com ela um pequeno objeto envolto em uma sacola de couro e entregou a Náfilus. "Era uma “Manga de vidro” de forma abobadada para resguardar objetos delicados" Junto entregou-lhe um saquinho bem menor e o avisou de que só poderia usar uma unica vez! Alertou ao raapaz que se acontecer algo com a flor, o que está no saquinho irá lhe devolver a vida... Antes que se extingue toda essência vital.
Náfilus agradeceu e foram para suas casas. Pela manhã quando saiu aos portões da cidade, Encontrou Sairá com sua montaria pronta para viagem... Ele perguntou solícito:
-Aonde vai senhorita?
- Vou com você Senhor!
Náfilus fica surpreso e preocupado e pergunt.
- Comigo Sacerdotisa?? Por que tu vais comigo?
- Para auxiliá-lo! Posso ler a linha do tempo em relação ao espaço e aos acontecimentos reconhecidos como importante para o desenvolvimento desta viagem. O poder da sacerdotisa e ver o caminho a seguir e não o que já foi seguido. e não adianta me proibir.
Contra a vontade de Náfilus sairá acompanhou-o. Ao chegar a base de Mürdein tiveram que deixar as montarias e seguir a pé com muita dificuldade, pois carregavam peso, afinal iriam enfrentar várias tempestades de neve. Apesar de toda dificuldade a viagem não teve tropeços que não fossem causados pela natureza assim como: escorregões que quase os matou, afundamento na neve, passos em falso, fome, sede, tudo estava congelado sem contar no ar rarefeito. Ao chegarem ao pico, sem demora Náfilus desceu por uma corda até o local onde nasce a Akebia....
Náfilus ficou deslumbrado e gritou para a Sacerdotisa que o esperava no alto.
- Sairá!!! Ela é linda! Branca e Lilás. E possui o perfume mais delicado que já senti em toda a minha vida.
-Cuidado com ela Senhor! Guarde-a na redoma e prenda bem!
Ele faz isso e sobe na corda até onde está Sairá feliz por ter conseguido, retira a manga de vidro da cintura e mostra a moça que espera ansiosa. Ela segura entre as mãos com muito cuidado olhando encantada a beleza da flor, em silêncio absoluto.
- Leve-a com você Sairá!
Diz Náfilus ao ver a adoração da moça por Akebia. .
- Não! Não posso! Você é o guardião!
- Me sentirei honrado ao permitir que alguém tão especial carregue o presente do rei o meu pai amado.
Sairá amarrou a redoma na cintura e agradeceu a honra... E ficaram num “jogo de empurra”...
- A HONRA É MINHA...
- Não, é minha...
Estavam descendo a montanha com cuidado porque a neve estava firme e escorregava muito. De repente... Ouviram um rosnar medonho... Náfilus olhou para trás e só deu tempo de ver uma grande sombra que se aproximava muito rápido... Foi a gárgula que pegou sairá pelos ombros rasgando toda parte até o pescoço voou alguns segundos soltando-a em seguida e vindo em direção a Náfilus que se esquivou fazendo a gárgula bater contra as rochas. Enquanto o monstro estava tonto ele desceu rápido para acudir Sairá que havia rolado montanha abaixo batendo em uma pedra que parou sua queda. Ele retirou o casaco sentou em cima segurou uma ponta por entre as pernas como uma rédea e deu impulso descendo velozmente escorregando sobre o gelo. Quando chegou la baixo ela... Ela está morta! A garra da gárgula a matou antes mesmo de rolar a montanha, Náfilus pegou a moça nos braços passo a mão sobre seu rosto e pediu perdão a Deusa Freya por ter permitido que Sairá viesse com ele nesta aventura. Ao lado de Sairá ainda presa na corda a redoma quebrada e Akebia despedaçada...
A gárgula que se aproximava novamente ao ver a cena foi embora chamada por sua ama. Circe que viu tudo pelos olhos da gárgula em sua fonte. Ela havia providenciado tudo para que Náfilus não tivesse êxito, mesmo o presente de Heiden sendo inusitado o Náilus seria o maior mimo ao Rei. Mas... N[ailus pode dar vida a sua flor, deita Sairá sobre seu casaco apanha na algibeira o saquinho que lhe foi dado pela Deusa Freya , abre, tem um pozinho dourado como se fosse ouro em pó. Náfilus reza à Deusa:
Oh poderosa senhora!
Como posso me sentir um vencedor?
Devo levar a meu rei um presente que me foi tão caro?
Um preço que pesará em meu coração para sempre.
O amor de meu pai foi o que mais ansiei desde a minha infância
Esta é a minha única chance de consegui-lo Senhora minha! Minha felicidade sobre o sacrifício de um inocente?
Perdoe-me minha senhora!
Mas... Eu abdico do presente.
Sei que a senhora ira me atender. Devolva a vida de Sairá
Ao terminar a oração Náfilus soprou o pozinho sobre o rosto da jovem sacerdotisa...
Nada aconteceu! Ele a pegou nos braços e foi procurar uma caverna para lacrar o corpo da jovem sacerdotisa, encontrou uma com a entrada bem estreitinha. levou o corpo da sacerdotisa até o interior da gruta e preparou o corpo co orações fúnebre...
