O Beijo Da Morte
- Katia Kristina
- 27 de set. de 2016
- 6 min de leitura
Enquanto víamos o possuído com palavras degradantes que insultavam o Padre mas não abalavam sua fé em Deus e sua confiança de que seria vencedor
Meu 9 apagou de vez.
Acabou a bateria e eu havia perdido a mochila com esse inferno todo. O Padre tirou do bolso... "Bolso que parecia uma caixa mágica" uma lanterna pequena e me deu, tirou a câmera da minha mão e me armou com uma U Z Y 9mm e voltou a interrogar o menino que dessa vez parecia que iria dizer algo. Bastante debochado ele disse:
- Calma, calma... Vou dizer aonde vocês podem encontrá-la... Ela precisa muito de vocês!
Nisso, de tanto forçar contra as amarras sua mão desprendeu do pulso caindo aos pés do Padre que se benzeu. Vendo o Padre chamar por Deus o menino começou a cuspir “tênebras”... Coisa mais nojenta de se ver....
Águia que foi mordido pelo menino pegou uma machadinha não sei de onde e estraçalhou a cabeça do rapaz com uma fúria indomada. Lobo deu um direto nele e o derrubou no chão gemendo de dor... e disse
-Caramba! O Padre precisa dos monstros vivos Águia!
Eu pedi que parassem com aquilo Águia estava desesperado a dor da mordida é muito forte. Fui até na cozinha pegar água para ele e ver se encontrava um analgésico por lá ou no banheiro, amarrei a lanterna na ponta da U Z Y e fui.
Raposa e Lobo ficaram resguardando. Fiquei pensando em tudo que nos aconteceu enquanto caminhava na escuridão até a cozinha.
- " Quando nos deparamos com cenas que falam claramente e mostram o que acontece e principalmente o que existe do outro lado do desconhecido, nos sentimos mal porque não sabemos com que força estamos lidando, não sabemos como é aquele individuo, não sabemos se ele existe, não sabemos do que ele capaz e isso nos deixa muito atormentados porque ficamos tentando imaginar o que pode acontecer"...
Quando abri a geladeira, a luz clareou um canto na cozinha perto da porta que dava para dispensa, vi uma criatura horripilante que se esgueirava, parecia uma mulher muito doente, a magreza dela era descomunal, com apenas uns fios de cabelos que pareciam gosmentos, estava nua e parecia cega, porque tateava.
Engano meu! A luz da geladeira fez com que ela me visse ou sentisse minha presença sei lá. Tentei fechar a porta da geladeira rápido, mas Águia segurou a porta. Olhei para trás a coisa estava vindo como bala em minha direção com a boca escancarada... Senti me puxarem pelos pés me derrubando desfaleci e só acordei mais tarde com uma luz na minha cara. Tentei levantar. Mas alguém muito forte forte me segurou deitada... Era o Padre que verificava se fui possuída.
Eu estava no sofá da sala de estar. Perguntei pelo soldado Águia. Raposa respondeu: -
- Eu atirei nele quando ia te morder.
= E a outra criatura?
- Que outra?
= A mulher.
- O Padre ficou entusiasmado com a noticia de eu ter visto alguém
- Você viu a ultima pessoa da pousada? Onde ela estava? Preciso capturá-la.
= Na cozinha, me atacou juntamente com Águia.
O padre reuniu os sobreviventes e fomos a caça da mulher. Chegamos na cozinha com os nervos a flor da pele, O Padre sempre na frente com seu crucifixo na mão e sua fé no coração. Sentimos uma presença angustiante... Nos juntamos os quatro costas sobre costas para perceber todo lugar com a percepção aguçada...Ouvimos um rugido rouco e um arfar, fizemos silêncio absoluto apagamos as luzes das lanternas, deixando escuro total, sentimos a mão pegajosa da criatura roçar em nós, sorte nossa é que ela só atacava quando podia ver.
Raposa que ainda tem seus “Night Owl Goggles” pode ver a criatura se apavorou.
Correu na direção da janela e abriu para pedir socorro... Ele foi... Fuzilado na hora. Tivemos que nos jogar no chão para nos protegermos dos tiros que sibilavam em nossas orelhas, quando parou o tiroteio ouvimos aquele conhecido som slap slap slap... Lobo que já não suportava mais o pavor e o desespero daquele local que fede a morte, bateu a mão no interruptor e acendeu a luz... A criatura estava sobre o corpo do soldado Raposa lambendo gulosamente o corpo dele que ficou como uma peneira, inundando o recinto com sangue.
Lobo gritou de susto... Ele a viu pela primeira vez... Acontece que com a lu e o grito de Lobo ela também nos viu! Virou-se para nós abandonando o corpo e saltou igual aos gafanhotos em cima de nós. O Padre que estava longe do interruptor tomou a arma da minha mão e atirou nas lâmpadas nos colocando na escuridão novamente, mas a criatura já havia pego o Lobo e estraçalhou o abdômen dele, só ouvimos o berro e o cheiro de sangue que espirrou em nós.
A cegueira provocada pela escuridão, nos deixava apavorados, mesmo assim o Padre disse:
- Haja o que houver fica imóvel.
Mas a lanterna da AK de Lobo acendeu e nos iluminou, a criatura pulou em cima do Padre arrancando-lhe uma parte do ombro com uma abocanhada potente.
Ele caiu de bruços eu fui rolando rápido pelo chão e peguei a Ak de Lobo apaguei a lanterna e fiquei imóvel esperando o ataque da criatura que na escuridão me abraçou de repente de frente deixando a arma entre nós duas.
No frêmito do susto eu disparei bem na hora em que ela apertou minha cabeça com suas mãos enormes e quase me esmaga o crânio. Sem tirar o dedo do gatilho descarreguei até sentir ela me soltar... Parei de atirar e escutei o baque do corpo. Acendi a lanterna com medo de que ela estivesse esperando... Ela estava estendida aos meus pés, os tiros haviam pegado por baixo do queixo estraçalhando a cabeça.
Respirando com dificuldade pelo esforço, pelo susto, pelo pavor, fui até o Padre que ainda está no chão sangrando, peguei o rádio no bolso dele e pedi:
=Chame-os Padre! Diga que terminou.
- Você sabe que não posso fazer isso Morghana.
= Precisa Padre, tem que fazê-lo antes de morrer ou não poderei sair daqui ão atirar em mim se voce não os chamar.
- Você não vai sair daqui pobre menina! Só queria ajudar.
- Por que não Padre? Por favor já acabou.
- Porque.. annnn .... Você está possuída Morghana!
-Como sabe disso Padre?
O padre na sua ânsia de morte ainda conseguiu me contar o erro que cometi...
- Sei Por... Que você não... Me contou sobre o ver...me... no rapaz. Eu assisti a... Fita na sua... Câmera...
Levantei a cabeça dele segurando-o pelos cabelos para contar olhando em seus olhos apavorados. Agora nem a sua fé o salvaria.
= Acertou Padre! A moribunda me passou o verme. Mas como não possuo RH ele não pôde me devorar e também não tem como sair de mim. Sou um hospedeiro que vez por outra o verme domina. Esses vermes vieram do centro da terra em uma cápsula para tornar escrava a humanidade. Mas não contavam que possuímos 75 por cento de água em nossa estrutura assim ele tem pouco tempo de vida e também o humano hospedeiro. Deveríamos servi-los como recipiente móvel.
A criatura que você me viu matar era uma incubadora.
Agora eu sou um hospedeiro! E como ele não pode sair de mim preciso nutri-lo com enzimas humanas e para isso preciso sair daqui. E você vai permitir ou me matar. Como você não pode fazer a segunda opção eu vou sair. Você sabe que não preciso de você não é Padre?
Enquanto o Padre agonizava peguei o rádio e falei com os soldados que estavam de prontidão lá fora esperando a ordem do Padre. Então eu disse com a voz dele:
- Aqui fala o Padre Germano! Estou ferido gravemente, mas a repórter Morgana sobreviveu e tem tudo em gravações. Ela irá sair não atire.
- Uma moça Padre como ela sobreviveu?
- Só Deus sabe meu filho.
- Então para que possamos ajudá-lo diga a frase para reconhecimento de voz Senhor.
E eu disse essa frase pura e limpa.
- Pode abrir a porta! Acabou!
Os soldados responderam:
- Confirma Senhor! Vamos liberar a saída.
Com uma torção terminei com o sofrimento do Padre Germano quebrando seu pescoço. "Os soldados abriram a porta principal e vieram em auxílio da pobre moça que precisou de um psiquiatra para retirar essas cenas horríveis que estavam gravadas em sua Câmera até a hora em que por descuido do destino, o Padre arrebatou a câmera e deu a moça uma HK para se proteger".
Assim ganhei a liberdade! O verme permaneceu dentro de mim. Eles são assexuados e serão muitos e precisarão se alimentar de enzima humana para viver. Eu agora sou Matre e proverei os vermes para os humanos. Eles não me destruirão por eu não possuir a enzima de que necessitam. Mas podem tomar minha mente quando estou fraca e necessitada de pasma. Estou contando esta história aqui para que alguém possa me ajudar e me destruir dando um tiro bem aqui no meio da minha testa.
- Mas você que está terminando de ler este conto agora, não vai fazer isso... Não é? Mesmo que voce quisesse não faria...
- Por quê? Porque Voce acendeu a luz e eu vi você... Agora não vai mais sair daqui... Vou lhe dar um beijo....
O beijo da morte......

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh..